14.2.09

fábula

(...) era uma vez uma centopeia que com as suas cem patas era muito boa a dançar. Quando dançava, os animais reuniam-se no bosque para a admirar e todos estavam muito impressionados pela sua habilidade. Só um animal não podia suportar que a centopeia dançasse, um sapo...
- Certamente tinha inveja.
- «Como é que posso impedi-la de dançar», pensou o sapo. Não podia dizer que não gostava de dançar nem que era melhor a dançar do que a centopeia, seria um absurdo. Por fim, tramou um plano diabólico.
(...)
- Escreveu uma carta à centopeia: «Ó, incomparável centopeia! Sou um devoto admirador da tua requintada dança. Gostaria de saber como te moves a dançar. Levantas primeiro a perna esquerda número 22 e depois a perna direita número 59? Ou começas por levantar a tua perna direita número 26 antes de levantares a tua perna esquerda número 44? Aguardo ansiosamente uma resposta tua. Saudações cordiais, o sapo».
- Que horror!
- Quando a centopeia recebeu esta carta, reflectiu a primeira vez na sua vida no que fazia quando dançava. Que perna movia em primeiro lugar? E que perna vinha a seguir? O que te parece que aconteceu depois?
- Acho que a centopeia não voltou a dançar.
- Sim, foi o fim. É justamente isso que pode suceder quando a fantasia é sufocada pela razão. (...)
Jostein gaarder, O mundo de sofia

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