domingo de platina, a mulher traz coroas de flores nos braços, coroas de flores que se dão aos mortos, a água do cemitério sabe a mortos.
o homem traz os cabelos estáticos, cheios de brilhantina, risca ao meio perfeita que é para lá passar o mercedes antigo e deixar rastos de fumo, rastos de fumo em bandas sossegadas.
o miúdo gostava de ser narrador omnisciente de fábulas - e de todos os dias desta cidade -, saber o que sentem as árvores, de que falam os conjuntos de árvores. saber o que pensam as flores polinizadas da vida e das abelhas. saber o que fariam os gatos vagabundos se lhes saísse o euro tubarões. e o que pensam as andorinhas da gente que come frutas de plástico.
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