15.2.10

quatro poemas

cavou um buraco grande no jardim e
encheu-o com água doce,
ficava a fingir ondas com a mão,
a fazer borbulhas e espuma com uma palha de sumo.
ou mergulhava no balde com água do mar,
de olhos abertos para ver sereias.

trouxe um bloco de gelo da sibéria,
era assim que chamava a solidão,
e deitou-se nele como se fosse uma esteira,
até derreter.

depois andou a saquear cidades,
guardava tudo numa caixa negra,
luzes de enfeitar árvores e noite,
faróis,
gaivotas,
tinta da china
e alguns cristais.

Sem comentários:

Enviar um comentário