15.9.11

redfish


o rapaz pegou na maior pedra que encontrou. estupenda, cabia-lhe perfeita na mão. com essa pedra passou a tarde a tentar matar o peixe. sem querer acertou no peito da mãe que, não muito longe dali e silenciosa, o observava.
entardecia e o rapaz continuava naquilo, até que desistiu, pois entendeu que o peixe era imortal.
foi para casa, o pai disse-lhe: «não existem peixes imortais» e deu-lhe uma cana. essa noite o rapaz passou-a a afiar o anzol, a procurar iscos debaixo da cama e em caixas de sapatos, chamava-lhes caixas de recordações, e ainda a ler o guia prático de pesca - básico mas infalível.
amanhecia, foi pescar: primeiro lançou a cana para trás, depois para a frente. duas, três vezes assim. depois a água tingiu-se de vermelho.
enfim o peixe morto.
o rapaz pensava ter conseguido matar o peixe mas afinal tinha pescado o coração da sua mãe.

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