8.11.11

tenho sido madalena,

tricoto palavras e sou camareira. choro nos lençóis dos patrões, pinto-os de branco o que também faz de mim a madalena caiadeira, um part-time que tenho. é assim, faço camas e descubro sonhos. corro as cortinas, abro as janelas e fico a vê-los pulverizar, pobres fragamentos de ilusão, brancos e tristes farrapos que lá em baixo todos confundem com neve ou com um sacudir de tapetes. identifico com exactidão as noites tranquilas nos lençóis, nas cobertas, nos edredões de rosas miudinhas cheios de penas e desventuras, mantas de lã e mantos polares, imaginários do sul, do norte. assim como os sonhos negros, pesadelos, novelos pretos e pesados que se prendem às mãos.

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