9.6.13

A casa desabitada 2

Manhã
dois pescadores nas traseiras a remendar o barco.
A mulher do lado a lavar as escadas,
a estender a roupa, a roupa seca mais rápido aqui
há muito vento
a mulher do lado a amanhar o peixe debaixo da árvore,
ao lado da roseira,
na mesa larga toda em pedra afia a faca:
um polvo, uma raia, peixes grandes - não sei os nomes.
Passei a tarde a soprar o que me atravessa.
Noite
adormeci na mesa de pedra.
Manhã
a mulher chamou pelos netos e pelas vizinhas
gaivotas, gatos, andorinhas, todos vieram ver.
Que peixe é este, avó?
Ó, então não vês? é uma sereia bonita
inteira
levou-me nos braços para o lado de lá da casa,
o lado que dá para o mar.
Os pescadores voltaram,
levaram-me,
fizeram de mim a sua proa.


(Para a Clim)

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