31.10.09

words in the hips ii

quando não sei bem o que dizer, se digo, digo disparates. se fico calada, faço aquela cara, olho para o céu, ponho as mãos nos bolsos, ou não ponho, e aperto-as muito. se está frio, esfrego os braços. se está calor, sopro um bocadinho.
quando tenho coisas para dizer e não as digo, penso noutras, algumas vezes coisas sem pés nem cabeça: a lua quando chora, chora purpurinas; quando é lua nova, as estrelas fazem uma festa, por isso, ficam mais brilhantes; o vento é maroto, por isso, despenteia as pessoas e ri desgarrado; as vacas sortudas são as que comem trevos de 4 folhas. e por aí fora.
as bailarinas andam com as palavras no corpo. desenham-nas a cada gesto, a cada passo, têm linhas muito fininhas nas mãos e nos pés, só visíveis a um certo tipo de luz. dançam e livram-se das palavras.

Sem comentários:

Enviar um comentário